Martinismo e Tradição Martinista
Mestre Saint-Martin escreveu: “O homem é a soma de todos os problemas. Ele próprio é um problema, o enigma dos enigmas. A questão que ele coloca, aquela que a sua própria natureza encerra, nos obriga a solucioná-la. Uma teoria que não visasse, em primeira instância o bem do homem, seria totalmente inútil”.
“Aquele que possuir o conhecimento de si mesmo terá acesso à ciência do mundo, dos outros seres. Mas o conhecimento de si, é somente em si que convém buscar. É no espírito do homem que devemos encontrar as leis que dirigiram a sua origem”.
O Martinismo nasceu do Iluminismo cristão, mas criou seu próprio conjunto de princípios. Ao perceber e reconhecer em si mesmo duas naturezas conflitantes, o homem está apto a trilhar o caminho do Martinismo, cuja finalidade é separar essas duas naturezas para depois integrá-las num todo harmonioso.
Durante sua jornada na matéria, o homem recebe influências externas, que vão formando sua personalidade profana. Ele acumula experiências, traumas, preconceitos que impregnam sua alma de cascões mais ou menos espessos. O Martinismo faz o caminho inverso, ou seja, vai eliminado esses cascões até que a pérola preciosa que é a alma humana possa surgir em todo seu esplendor. O trabalho proposto pelo Martinismo dá ao homem a liberdade interior, pois não há verdadeira liberdade sem o conhecimento de si mesmo.
O Martinista é, antes de tudo, um estudioso de si mesmo e um autodidata, pois aprende pela experiência. Embora pareça fácil falar sobre autoconhecimento, aqueles que estão realmente na lida, sabem que é uma tarefa gigantesca, dolorosa, solitária e que nos coloca sempre diante da nossa miséria espiritual. Mas também é uma tarefa de beleza ímpar, de delícias inefáveis, de doces recompensas. Ser Martinista pressupõe fazer escolhas corajosas de vida, escolhas nem sempre fáceis ou simples, mas sem as quais não se pode trilhar o caminho da integração.
Sendo uma escola de cavalaria moral cristã, cada Martinista se torna responsável pela preservação da Verdade que recebe. Muito mais do que desenvolver sua capacidade intelectual através do estudo de livros, é obrigação do Martinista conhecer a fundo o livro que está escrito em sua alma. Não é possível para o homem conhecer sua origem e essência senão pelo exame minucioso de seu mundo interior.
Lembremos sempre que o Martinismo é um caminho eminentemente prático. Requer que nos tornemos homens e mulheres de ação. Não se pode ser Martinista só na aparência e, para tanto, temos que desenvolver ao extremo a nossa vontade. O Martinista deve ser soberano de si mesmo, quer dizer, ele não pode permitir que situações exteriores conduzam sua vida. Há pessoas que são subjugadas por outras, há aquelas que estão presas a um determinado comportamento ou ideias fixa, as que são pusilânimes, indecisas, medrosas etc. Como dizer-se Martinista sem exercer plenamente sua vontade? É impossível. E esse é um ponto sobre o qual devemos focar nossa atenção e ser muito honestos em nossas conclusões. Estamos nesta atual situação justamente porque apartamos nossa vontade da Vontade do Criador.