A Oração de Jean Baptiste Willermoz

Orações Diárias

Sabemos que tanto Jean Baptiste Willermoz como Louis Claude de Saint-Martin insistiam energicamente em defender a prática da oração na Reconciliação da alma com a Divindade. Este convite ao exercício da oração se encontra em muitas partes dos manuscritos de Lyon, assim como nos rituais do Rito Escocês Retificado (RER), onde se multiplica este constante apelo.

Assim, em um dos textos datados de 1809, referente ao Grau de Mestre Escocês de Santo André, está escrito: “Hiram, acudindo assiduamente ao Templo para fazer suas orações, após terem se retirado os operários, ensina a nós, Maçons, que, devido à nossa própria condição maçônica, devemos ainda mais do que os outros homens a mais pura homenagem ao Ser Supremo”.

Todavia, é num manuscrito pouco conhecido, intitulado “Meus pensamentos e os dos demais”, onde Willermoz coloca no papel as linhas mais íntimas sobre sua relação com Deus no segredo de sua alma. Então, é interessante que todos aqueles que estão atentos à via da retificação e da reconciliação do homem possam conhecer o pensamento deste Venerável Mestre e fundador do Regime estabelecido em Lyon em 1778.

Eis a oração com que Jean Baptiste Willermoz se dirige a Deus: “Verdade Eterna, Tu me cercas com Teus raios, mas as sombras escuras de minha alma elevam-se sem cessar e me impedem de dirigir os olhos para Ti. Todos os dias, às tardes e à meia-noite, às manhãs e ao meio-dia, Te invoco com ardor. Meus esforços são vãos e inúteis. O espesso véu de minhas afeições materiais afastam minha vista de Tua Luz. As imagens dos objetos aos quais entreguei meus sentidos colocam-se entre Tua ação benfeitora e os débeis esforços de minha vontade; elas me apartam do caminho e me levam pelo das ilusões enganadoras. Tu me escapas, e perco a esperança de chegar a Ti.

Oh verdade, sem a qual meu ser não é nada, nunca deixarei de Te invocar. Até que tenhas escutado meu desejo, meus desejos serão minha única existência. Escuta minha voz, vem ao socorro daquele que Te chama com tanto ardor. Renuncio aos objetos sensíveis; é a Ti somente que quero amar e sempre contemplar como a minha única vida. Pois Tu és a vida do homem, e sei, com clareza, que meu destino é viver para sempre em Ti e por Ti.

Então, onde posso encontrar a ciência e a sabedoria? Passei dias e noites na busca e nas meditações e, contudo, pergunto-me onde está escondida. O homem está muito distante de conhecê-la e de saber seu preço. Não está nem nas profundezas do mar, nem nas profundidades da terra. Onde está, então, essa sabedoria e inteligência? Onde poderei encontrá-la?

Consultei a todos os seres vivos; ninguém ainda a percebeu, e vi que não a possuem… Somente Deus conhece o caminho que conduz a ela; apenas Ele sabe onde ela está. Quando Ele deu as leis a todos os seres, quando submeteu às suas ordens os ventos e as tormentas, e quando dirigiu o relâmpago dentro da rota que lhe foi imposta, a frente estava a Sabedoria. Então, disse ao homem: Não encontrarás a ciência nem a inteligência, senão no temor a Deus”.

Jean-Baptiste Willermoz
“Meus pensamentos e os dos demais”
BM de Lyon. MS 5526.
FIM

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