Sobre o Homem – Queda e Evolução
No mundo manifesto a oposição obviamente existe. De fato, a única razão de sermos capazes de identificar qualquer coisa é porque ela é revelada pelo seu oposto. Como poderíamos saber que estamos contentes, se não fosse pelos momentos de descontentamento. Como conheceríamos o calor, sem conhecer o frio?
Há ainda as oposições enigmáticas, que pesam na vida de muitas pessoas como o bem e o mal ou o certo e o errado.
O que é então certo ou errado? É bom que se diga que estas são palavras que nós humanos usamos para descrever condições. Se estamos a favor de uma situação dizemos que ela é boa. Se não estamos de acordo, dizemos que está errada. Se algo é “Bom” para uma pessoa e “Mal” para outra, quer dizer que não há um padrão universal.
Outro enigma que aflige a humanidade é causado pela aparência das coisas. Frequentemente tomamos ervas daninhas por plantas; destruição por desenvolvimento, erro pela verdade. Como fica o Iniciado em tudo isso? Como ele lida com essas aparências? Ele diz que o caminho seguro é o CAMINHO DO MEIO, onde os extremos são evitados.
Olhemos para a Árvore da Vida e observemos a primeira Sephira, Kether, a Coroa, a Unidade. Em Kether todas as oposições estão reconciliadas e equilibradas. Ali não existe dualidade. Notamos, porém, que na medida em que a criação começa a se formar, a Unidade n.1 se divide em dois, tornando-se Chokmah, topo da coluna da Misericórdia; e Binah, topo da coluna do Rigor. Tem início a dualidade. Na verdade, a criação só é possível por causa da dualidade.
Podemos agora compreender Isaias, 45:7 – “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.” Algumas traduções utilizam “angústia” para “evil”, mas o princípio é o mesmo. Aceitamos como verdade inegável esta afirmação de Deus. Agora, como devemos entendê-la? Tudo vem de Deus. Deus é tudo. Deus está em todas as coisas. Não há nada fora de Deus. Bem e Mal são apenas termos que usamos para descrever Suas manifestações.
Retornemos ao Caminho do Meio, o caminho no qual o Iniciado mantém seu equilíbrio e se afasta dos extremos. O Iniciado se posiciona no centro, ele se torna como o sustentáculo para o fio de uma balança, ele observa a si mesmo e se a balança começa a pender demais para um dos lados, ele transfere uma parte do peso para o outro prato e restaura o equilíbrio. Por exemplo, é necessário comer e beber, mas se somos excessivos em nossas indulgências, sofremos de indigestão e eventualmente de obesidade. Se continuarmos com a falta de moderação nossa saúde pode ruir e chegamos ao nosso fim. Por outro lado, se formos demais para o outro lado e nos recusarmos a comer ou beber, a morte também é certa. Em outras palavras, ir longe demais para qualquer dos lados nos traz a ruína. O mesmo vale para todos os opostos. A menos que saibamos equilibrá-los, nos colocamos em uma situação precária.
Há algum tempo alguém me disse que para se alcançar o topo do sucesso em algum campo escolhido, era preciso estar intensamente envolvido.