O Homem-Deus – Jean Baptiste Willermoz
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Vimos, dentro dos primeiros desenvolvimentos da Doutrina, que o homem primitivo havia sido revestido de um grande poder, que o tornava superior a todos os agentes espirituais que foram colocados com ele no espaço criado, para se manifestarem sob sua direção e ação particular temporal. Que inicialmente tinha sido estabelecido como o dominador dos espíritos perversos que estavam ali aprisionados em privação. Que tinha sido colocado ele mesmo ao centro das quatro regiões celestiais do universo criado, para exercer sua potente ação universal,e que ali poderia ser um verdadeiro intelecto do bem para os espíritos perversos, dando-lhes algumas noções deste bem, do qual estavam eternamente separados.
Mas, este infeliz homem tão poderoso, assim fortemente munido contra os ataques e os enganos do seu inimigo, tão superior a tudo o que existia com ele no recinto universal e que não possuía acima de si nada além de seu Criador tendo sido enganado, seduzido, tombado no excesso da desgraça e condenado à morte com aqueles que havia ameaçado, que Ser assim poderoso, suficientemente puro poderia resgatá-lo deste estado, senão Deus Ele mesmo? Mas, esta imagem desfigurada do seu Criador atacou a sua unidade e todas suas potências. Este iníquo delegado, este representante infiel do seu Deus uniu-se, aliou-se com o seu inimigo para trair os mais caros interesses dos quais havia sido encarregado. Ele abusou terrivelmente dos dons, de todos os poderes que havia recebido, e por um excesso inconcebível de ingratidão, insultou de forma insolente o Seu amor e Sua ternura. Foi necessário, portanto, uma grande vítima para satisfazer a Justiça Divina, porque se a Misericórdia de Deus é infinita e sem limite, sua Justiça também o é, e só pode ser refreada por uma reparação proporcional à ofensa. Era necessário, por conseguinte, uma vítima pura e sem mácula, da própria natureza humana do prevaricador e, dado que foi o homem que, pelo seu crime, fez entrar a morte no mundo, era necessário que esta santa vítima se entregasse voluntariamente a uma morte injusta, violenta e ignominiosa para poder reparar tanto ultraje. Era necessário, enfim, que o Justo, pelo seu sacrifício voluntário, se tornasse vencedor do pecado mortal, a fim de que aquilo que a Justiça divina havia proferido como sentença irrevogável contra a raça do prevaricador, não fosse mais do que um sono e uma passagem da vida temporal à vida eterna para todos os que, com seu exemplo, abandonando por toda a duração de sua expiação individual o seu livre árbitro, a sua vontade própria à única vontade de Deus, merecesse colher os frutos.