Pierre V. Piobb

Mestres da Tradição

A morte de Pierre V. Piobb ocorrida há seis anos tem comovido, de forma dolorosa, o mundo dos ocultistas e o mundo dos Jornalistas, particularmente dos jornalistas parlamentares. Ele era uma pessoa que se fazia notar, tanto nas reuniões onde se ocupava do hermetismo quanto no Senado, na Câmara, ou no Quais d’Orsay, e nos serviços da Embaixada da França no Marrocos. Todos que conheciam os múltiplos trabalhos que realizou, admiravam a sua infatigável atividade e a sua extraordinária potência de trabalho, coisa que o leitor também perceberá nesta biografia, com a nomenclatura sumária dos seus escritos. O livro que apresentamos hoje é o curso que professava ainda em 1939. O atraso na sua publicação se deve aos acontecimentos que lhe ocorreram e que, infelizmente, só aconteceu depois de sua morte.

Pierre Piobb, desde 1917, P. – V. Piobb – era a assinatura usual do Conde Pierre Vincenti-Piobb, nascido em Paris, a 12 de abril de 1874, e falecido também em Paris, em 12 de maio de 1942.

Descendia de uma antiga família florentina fixada na Córsega desde finais do século XIV em meio às sangrentas e terríveis querelas entre os Guelfes e os Gibelins[1]. Estabilizados em Piobbeta, cantão do Valle d’Alesani, distrito de Corte, os Vincenti acrescentaram ao seu nome o da sua vila e deram origem aos Vincenti da Piobbeta ou dei Piobbi, ou, por abreviatura, Vincenti-Piobb. O seu título de Conde, conquistado quando das guerras civis corsas, segundo o historiador Giovanni Delia Grossa, era toscano e está compreendido na liquidação romana da sucessão da Grande Condessa Mathilde, duquesa da Baviera. Encontram-se na Baviera outros Condes Vincenti que, embora levando brasões diferentes, são originários do mesmo ramo.

Mas não nos voltemos a um passado tão distante, falemos apenas de seus pais. Seu pai, o Conde Vincent Vincenti, fez seus estudos médicos na Itália e depois em Paris. Morou em Roma em 1848, e não tardou em adquirir uma grande reputação como cirurgião, que o colocou em íntimas relações com diversos soberanos, principalmente com o Imperador da Áustria, François-Joseph, e o  velho rei das duas Sicílias, François II. Foi major dos Zouaves pontificais[2] em 1870, quando da tomada de Roma pelas tropas italianas. Deixando então a Cidade Eterna, o Dr. Vincenti residiu na França onde se pôs à disposição da autoridade militar. Enviado ao exército do Loire, na qualidade de médico major, foi a Loigny e Châteaudun (em outubro de 1870) e, em seguida, ao Mans (em janeiro de 1871). Após a guerra, voltou a Paris onde se casou, em 1873, com Amélie Allard, filha de um presidente da câmara no Tribunal do Sena. Ela mesma descendente de uma antiga família parisiense que deu ao Parlamento diversos conselheiros desde Charles IX, e era sobrinha do famoso banqueiro Jacques Laffüte, ministro de Louis-Philippe. Ela faleceu ao dar à luz seu filho.

O jovem Vincenti fez seus primeiros estudos no Colégio Stanislas, depois na Sorbonne e então na faculdade de Direito. Ele mal tinha dezoito anos quando perdeu bruscamente seu pai: fica, portanto só, sem nenhum apoio moral ou material, fazendo sucessivamente a licenciatura em letras, ciências e direito. Em seguida, considerando que ainda tinha muito que aprender, conformou-se ao velho adágio: “As viagens formam a juventude” e partiu para percorrer a Europa. Foi assim que visitou, sucessivamente, a Córsega, Itália, Inglaterra, Escócia, Islândia e vai até o Oceano glacial. Assim, completou a sua educação já sólida. Começou extremamente jovem no jornalismo, em 1893, e quando de sua estada em Ajaccio, fundou o jornal “Eco da Córsega”, que durou dois anos.

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