Amores do Diabo – Jacques Cazotte
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O autor dos “Amores do Diabo” pertence à classe de escritores que, à imitação de alemães e ingleses, são denominados “humorísticos” e que entraram em nossas formas literárias envernizados de imitação estrangeira. O espírito são e sensato do leitor francês a custo se presta aos caprichos das fantasias desatadas, salvo quando elas atuam entre os limites tradicionais, e já aceitos, de contos de fadas e pantomimas teatrais. Apraz-nos, então, a alegoria, diverte-nos a fábula. Estão repletas as nossas livrarias desses brinquedos de espírito, primeiro engenhados para crianças, depois para damas, e também para homens com sérias ocupações.
Os homens do século XVIII vagavam muito traz semelhantes leituras. Nunca, ficção e fábula andaram tanto em voga como então. Escritores seríssimos: Montesquieu, Diderot, Voltaire acalentavam e adormeciam com lindos contos àquela sociedade que ia ser destruída pelo doutrinamento deles mesmos. O autor do “Espírito das leis” escreveu o “Templo de Guido”; fundador da Enciclopédia deliciava o gentio das alfurjas com o Pássaro branco, e As Jóias Indiscretas; o autor do Dicionário Filosófico lardeava a Princesa de Babilônia e Zadig das maravilhosas imaginativas do Oriente. Era tudo isso invenção, e espirito, e nada menos que do mais seleto e gracioso.