O Livro do Amigo e do Amado – Raimundo Lúlio
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Raimundo Lúlio Raimundo Lúlio, ou Ramon Lul nasceu em 1232 ou 1235 na ilha de Mallorca (Espanha), que havia sido conquistada aos árabes em 1229 pelo Rei Jaime I. O pai de Lúlio tomou parte nesta conquista, e talvez por isto, aos 14 anos de idade Lúlio foi escolhido para ser pajem do segundo filho do rei, que viria a ser o também rei Jaime II; posteriormente veio a ser o mordomo do mesmo, quando príncipe. Lúlio tinha então uma vida frívola, de muitos envolvimentos amorosos, e com 22 anos se casou com Blanca Picany, que lhe deu dois filhos; mas, mesmo casado, ele continuou sua vida de conquistas amorosas, até que, por volta dos 30 anos de idade, se apaixonou por uma genovesa, a Sra. Ambrósia de Castelo.
Lúlio manifestava sua paixão por esta senhora de maneiras extravagantes, até que certo dia ela aceitou encontrar-se com ele, e o convidou para ir ao seu próprio quarto; quando lá chegou, foi friamente recebido por Ambrósia que, no entanto, perguntou-lhe se gostaria de ver os seios que ele tantas vezes enaltecera em seus poemas, ao que ele prontamente respondeu que não havia nada que desejasse mais do que isto. A Sra. Ambrósia então lhe mostrou o peito que estava sendo consumido pelo câncer, enquanto dizia: “Vê, Ramon, vê a fealdade deste corpo que conquistou a tua afeição. Não terias feito melhor em dedicares o teu amor a Jesus Cristo, de quem podes receber um prêmio eterno?”.
Este acontecimento foi um grande choque na vida de Raimundo Lúlio, que se recolheu por alguns dias, enquanto tentava escrever poemas de amor lírico, até que teve uma visão de Cristo na cruz, que, a princípio, rejeitou, mas a visão retornou por quatro vezes. Lúlio, com vergonha e remorso, procurou um padre para se confessar, a quem jurou que a partir daquele dia dedicaria sua vida à glória de Deus e à conversão dos infiéis. E, com efeito, ele passou então a uma série interminável de viagens nas quais buscava, junto ao Papa e a reis e príncipes cristãos, apoio para projetos que visavam levar a fé católica aos povos que não a professavam; e viajava também para pregar, ele próprio, sua fé.