Sobre o Homem – Queda e Evolução
O conceito de pobreza está normalmente associado a uma escassez de recursos financeiros que, não incomumente, impossibilita ou dificulta em muito que o ser humano obtenha o mínimo necessário para suprir as suas necessidades básicas, como a alimentação, habitação e vestuário. Entretanto, essa pobreza material é, em diversas religiões ou ordens religiosas, considerada como uma necessidade ou um instrumento que facilita o desenvolvimento espiritual e/ou moral do jovem aspirante. Por exemplo, os monges budistas e os hindus fazem o voto de pobreza, e dentro da Igreja Católica, e também na Ortodoxa, várias ordens possuem tal voto, sendo as mais populares a adotarem a pobreza como em seu estilo de vida os Beneditinos (Século VI), os Franciscanos (Século XIII), Dominicanos (Século XIII – São Domingos foi fortemente influenciado por São Francisco de Assis) e os Jesuítas (Século XVI).
As origens desse pensamento que trata sobre o benefício da pobreza material no desenvolvimento espiritual do homem se perde na antiguidade, está presente em diversas religiões, em épocas e localidades tão distintas e tão afastadas, e mesmo sem qualquer contato provável entre si, que sugerem indubitavelmente uma inspiração de fonte espiritual. Mais ligada à nossa realidade do mundo ocidental, temos o exemplo do antigo testamento, que está repleto de referências à pobreza ou ao pobre como uma condição positiva na maioria das suas referências. Chama particular atenção, no antigo testamento, as passagens do livro dos Salmos:
“Estendei a mão e não vos esqueçais dos pobres” Salmos 10:12
“Os pobres comerão e serão saciados…” Salmos 22:26
“Ele se apiedará do pobre e do indigente” Salmos 72:13
“Porque ele se põe à direita do pobre, para o salvar dos que o condenam” Salmos 109:31
“Abençoarei copiosamente sua subsistência, fartarei de pão os seus pobres” Salmos 132:15
Mais recentemente, nosso mestre Papus dizia: “Nossa principal razão de ser é ter o desprezo pelas riquezas; mas isso ainda não entrou em nossos hábitos”.