Sobre o Perdão
Sobre o Homem – Queda e Evolução
Estava buscando aperfeiçoar meus conhecimentos acerca da mitologia antecedente e concorrente ao surgimento da Filosofia Grega e acabei então por me deparar com uma narrativa curiosa (retratada pelo poeta grego Ésquilo) e que até então era-me desconhecida.
Trata-se do mito das Erínias, as Fúrias (definição romana), divindades do remorso, deusas violentas, guardiãs das leis da natureza e da ordem no mundo, no sentido físico e moral.
Perguntei-me então qual seria o sentido deste mito e após refletir por instantes percebi que se tratava da problemática do perdão. Sem dúvida a narrativa é muito apropriada. As Erínias puniam todos aqueles que ultrapassavam os seus direitos em prejuízo dos outros. São as vingadoras dos crimes cometidos, divindades da Ananke, conceito filosófico-religioso que lembra a reposição dos limites.
As Erínias eram semelhantes a Nemesis, enquanto esta punia os Deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável).
As Erínias não deixam o criminoso esquecer seus crimes. São a consciência. Interiorizadas, simbolizam os remorsos, os sentimentos de culpa que podem levar até à autodestruição, se consideramos as faltas inexpiáveis.