Começa com o Domingo de Ramos, quando se benzem ramos de oliveira ou ramos de palmeiras, e se lê o texto evangélico da entrada solene de Jesus em Jerusalém. Este ramo bento colocado em uma cruz em cada lar ou sobre alguma tumba no cemitério, quer simbolizar a força da vida e a esperança da ressurreição. A Igreja neste dia convida os fiéis a contemplar os padecimentos do Cristo em seu caminho para o calvário.
Na Quinta-feira santa se celebra a Ceia do Senhor, ou seja, a instituição da missa com a tradicional cerimônia do Lava-pés. Há ao final da missa a cerimônia da adoração do Santíssimo Sacramento, com o tradicional canto em latim Tantum Ergo, ou Pange Língua.
Na Sexta-feira Santa ou Sexta-feira Maior, não se celebra missa ou qualquer sacramento. É dia de silêncio, recolhimento e de comungar as hóstias consagradas na noite da Quinta-feira. Lê-se o relato da paixão e se fazem as procissões da Via-Sacra ou Caminho da Cruz, com suas quinze estações. Faz-se também as grandes preces da Igreja pelo mundo, a adoração da cruz, que nasceu em Jerusalém e foi absorvida em Roma no século VII, e ao final da cerimônia oferece-se a comunhão eucarística.
A última noite da Semana é a chamada Vigília Pascal ou Sábado de Aleluia, normalmente celebrada na noite ou madrugada do Domingo de Páscoa. Esta festa é móvel e se celebra no primeiro Domingo depois da lua cheia do outono. Ao meio-dia deste sábado costuma-se “malhar o Judas”, ou seja, bater e queimar um boneco de pano representando a traição de Judas Iscariotes que vendeu seu mestre aos algozes.
A Semana Santa tem início com o Domingo de Ramos e o discurso do triunfo temporário da Luz antes da sua ocultação. O ramo de palmeira é um antigo símbolo de realeza, e o movimento da palmeira é uma saudação ao rei. Aspiramos a reconhecer o Logos soberano quando ele adentrar a cidade de nosso ser e permanecermos fiéis a ele. O fato histórico nos diz que quando Jesus entrou em Jerusalém, os poderosos já estavam planejando sua morte. Assim a má situação de nosso Salvador, nos lembra que a honra do mundo realmente não vale nada. Num dia o mundo clama “Hoshana”, no outro grita “Matem-no”; este exemplo deveria nos mostrar que as maiores conquistas não estão no mundo da matéria, ou seja, na política, na economia ou na sociedade. Ao contrário, deveríamos nos concentrar nos mundos interiores, onde nossa supremacia pode crescer ao mais alto grau, o Cristo interno pode governar toda a natureza.
A “Quinta-feira da Ordenação” desenvolve o evento de Jesus o Cristo, nos dando o sacramento da Eucaristia. Primeiramente o Salvador lava os pés dos discípulos, mostrando que aqueles que aspiravam à Deus precisam servir os outros, a fim de Conquistá-lo. O mesmo fazem os bispos ou sacerdotes, lavam os pés das pessoas neste dia. É desta forma que Jesus se revela como o Eterno Sacerdote Supremo num mistério, e isto podemos observar no curso da Eucaristia logo após a consagração. Na custódia (objeto de ouro ou prata em que se expõe a hóstia consagrada) ou na cruz flamejante, a igreja mantém uma hóstia consagrada ao serviço da Graça Divina, a Adoração do Corpo de Deus. Durante a missa da Quinta – Feira Santa, a Hóstia é renovada para o próximo ano, sendo que a velha é consumida. Agora, aprofundamos nossa compreensão sobre o que se entende por “Corpo e Sangue do Logos”. A reverencia e adoração são sentimentos impopulares numa cultura secular, mas essenciais para nosso acesso aos mistérios. Aqui Jesus diz estas santas palavras, “Eu sou o pão da Vida, Sou o pão vivo que veio do céu; aquele que come deste Pão terá a vida eterna”. Jesus não se referia, é claro, ao canibalismo.
A Sexta feira Santa é a maior das festas de toda tradição católica e há muitos níveis de compreendê-la. A tradição antiga declara que de Getsêmani Jesus é entregue nas mãos dos Romanos e, embora não pudessem encontrar nele nenhuma falta, O crucificaram e ali acabou morrendo. Todos os discípulos ficaram confusos e o mundo é lançado nas trevas. Contudo, a Tradição ensina que João, o discípulo bem-amado, dirigiu-se a uma montanha próxima para contemplar o que havia ocorrido. Jesus apareceu diante dele numa luz radiante e sorriu diante da sinistra cena abaixo deles. Então, Jesus revelou a João a plenitude de seu mistério. Jesus disse aos discípulos para dançarem, dizendo: “Aquele que não dança, não sabe nada do que está ocorrendo”.
Este é o período entre a crucificação e a ressurreição. Na Idade média os clérigos e monges da igreja apresentavam uma dramatização sagrada chamada “Cada Homem”; um deles era “A angústia do Inferno”. Nesta peça, Jesus desce aos Infernos, confronta Satã e o domina. Então a Luz do Salvador toca todas as almas resgatadas, Ele quebra os portões dos infernos, conduzindo-as todas a Luz, rumo ao reino superior. É muito útil participar destas peças no Sábado Santo.
Neste dia é realizada a cerimônia da Benção do Fogo. O santuário da Igreja fica totalmente escuro significando a descida do Salvador, nas regiões de trevas. Um fogo é aceso fora da Igreja sendo abençoado com Incenso. A seguir, a luz do fogo, em três velas, uma cruz, um sacerdote e um diácono dirigem-se ao santuário, simbolizando o retorno da Luz. As luzes da Igreja são novamente acessas com uma vela tríplice, incluindo a vela Pascal. Este ato pode reforçar, visualmente, a experiência de Cristo como a Luz do Mundo.
Páscoa, do latim paschalis, deriva da palavra hebraica Pessah, passagem.
Com este nome designamos a festa judaica da saída do povo do Egito conduzido por Moisés, celebrada anualmente na primeira lua cheia depois do outono, no hemisfério sul, com a ceia pascal e o cordeiro imolado, ervas e pão ázimo.
Simboliza também a festa cristã da Ressurreição de Jesus de Nazaré no ano 30 da era cristã, celebrada cada ano durante o tríduo pascal, da Quinta-feira ao Domingo da Semana Santa, sempre no Domingo após a lua cheia depois do início do outono no hemisfério sul, com a Festa Eucarística Solene durante a chamada Vigília Pascal, com inúmeras leituras bíblicas, celebração do fogo novo, velas e Círio Pascal, água e batismo de adultos, pão consagrado na missa solene e o canto do Hino em latim “Exultet“.
A ressurreição do Logos no amanhecer do Ser é um momento eterno, e de certa forma sempre ocorre. Com a preparação de nossa vida interior através da dramatização da Quaresma e Semana Santa, temos uma perspectiva muito melhor para compreendê-las. A figura histórica de Jesus de Nazaré de 2000 anos é um símbolo da qualidade do ser potencial dentro do coração humano; a tradição Cristã trabalha para trazer esta qualidade do ser para a consciência individual. Ao descermos em nosso próprio inferno, resgatando os flashes de consciência perdidos e presos nas profundezas do nosso ser, poderemos cumprir a grande tarefa de nos redimir da inconsciência; não ousemos ter o arrogante pensamento de que podemos alcançar tal realização por nós mesmos. Ao contrário, isto é feito num mistério e o Logos é o exemplo, por excelência, dos meios e objetivos da Grande Obra.
O evento Pascal é parte de um processo cíclico e repetitivo, que ocorre como um alinhamento da terra com o Cristo Cósmico, mas também no interior de cada alma.
O Cristo se referia ao ciclo iniciático como “O caminho estreito e apertado que só alguns encontram” (Mt 7:13-14). O Caminho da Iniciação foi representado no curso da vida de Jesus, sendo que a Páscoa era considerada como o CAMINHO DOS MISTÉRIOS INICIÁTICOS. Diz a tradição que só os iniciados mais elevados eram capazes de participar dos mistérios e energias que ocorrem neste equinócio. Para a maioria, as energias do equinócio eram celebradas por reflexo no dia da Lua Cheia.
A Páscoa é a época ideal para entrar em contato com energias que transfiguram as nossas vidas. É um período em que nossos sentidos são aguçados para que a alma possa conhecer o que ainda precisa ser feito no seu caminho.
Quarta-feira
Dia da traição e da autodestruição de Judas. Meditar sobre a morte dos desejos inferiores e da purificação do caminho para alcançar maior Luz.
Quinta-feira
Última Ceia
Dia do Mistério da Eucaristia – o mais elevado ensinamento sobre o processo alquímico. Meditar sobre a transmutação da matéria para expressá-la de forma mais elevada.
Sexta feira
Crucificação
O tempo que representa o último estágio da iniciação. Aqui aprendemos a carregar a nossa cruz, pois somos responsáveis pela nossa vida. Renunciamos ao inferior em favor do superior. O exercício recomendado é o silêncio, o jejum e a oração.
Sábado
Na antiga tradição Dia destinado ao Batismo, um ato que libera e ilumina a estrutura energética das pessoas que levaram a visão consciente plena para os planos espirituais interiores da Natureza. Os véus entre a vida e a morte, entre o plano físico e o espiritual foram rompidos para sempre. A liturgia cristã assinala este dia como o que Jesus desceu a Mansão dos Mortos. Eis um belo texto para meditar:
“Que está acontecendo hoje?” Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam à séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, e agora libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levante dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: “Saí!”; e aos que jaziam nas trevas: “Vinde para a luz!”; e aos entorpecidos: “Levantai-vos!”
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra, e fui mesmo sepultado abaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.
Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi; para restituir-te o sopro da vida original. Vê nas minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros os pesos dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade.”
Domingo
Das trevas para a Luz
A cerimônia mais exaltada é um tempo de celebração angélica dedicada aquele que se elevou acima do eu inferior e deu plena expressão à verdadeira energia de Cristo. É tempo de comunhão plena e verdadeira.
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